Enquanto não estiveres totalmente nu, deitado sobre lã de borrego
Emocionalmente preparada pelas carpideiras da aldeia,
Enquanto o teu corpo, outra vez rosaceamente adolescente, não conseguir cheirar o odor
Das palmeiras exóticas, lentamente brandidas pelas aragens de verão,
Enquanto não fechares os olhos comovido, pela mão maternal que te afague o cabelo,
Das imagens que povoariam o calor perfeito de um encontro furtuito,
Não é possível escrever um poema.
Não há poema sem que alguma vez tenhas observado uma formiga com uma das faces do rosto encostada à terra.
Tentar escrevê-lo, sem esse inocente afeto, é como tentar sorrir
Escondendo os dentes podres perante uma mulher sublime,
Ou tentar permanecer imperial e soberbo
Sobre o dorso de um boi enraivecido.
Por isso, não perturbes o doce florir das horas,
Nem interrompas os jardins interditos do silêncio,
E deixa os animais em paz.
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