Dói, como uma ferida,
o desperdício das camélias
tombadas na tarde limpa e fria:
corolas decepadas no auge da perfeição
que um tempo brusco atira
inutilmente ao chão.
São, pela manhã, gélidas feridas brancas
eivadas de sangue vivo, vermelhas
raiadas de neve pura;
dorida que ficou, pisada,
sua finíssima textura.
Não dá para esquecer tamanha ingratidão
quando os pés que passam
deixam assim, esmagadas,
pétalas e corolas outrora delicadas.
E só importam à terra nua
os sucos que entram pelo chão
a pensar noutras camélias que virão.
Commenting expired for this item.
No comments