Um vulto negro, grandioso e temerário
Atrás do meu corpo, surgindo
Como se viesse de um passado primário.
Num arrepio insensível, leve e temporário,
Trazendo o mistério no seu presente findo;
Invadindo as muralhas inacabadas do que sinto
E descendo pelas colinas desse movimento contrário.
E tapou-me os olhos, com as suas mãos de solidez incarnal,
De um longínquo astral, de um volátil universo moral.
E cada poema que escreva é uma vã adivinha do nome desse vulto…
Para mim, este estilhaçar de tempo é mais do que um jogo de adivinhas,
Porque, de quem as suas mãos são mais do que um vulto, um culto,
O seu mistério ainda não me segredou que são as minhas.