José Fanha
A AMENDOEIRA

Desce a nostalgia

sobre os olhos da tarde

semeando véus de neblina

searas indistintas

sílabas cinzentas.

 

Só a amendoeira resiste

e diz:

a mim tu não me apagas

noite.

 

Não me seduzes com o canto

dos teus pássaros nocturnos.

 

Não me contaminas com as tuas sombras

e fantasmas.

 

Tenho o coração fechado a sete brancos.

 

(“Tempo Azul”), in “POESIA, JOSÉ FANHA”, 2012