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Fernando Miguel Alves Mendes
ÁGUA, OURO OU SOMBRA QUE SEJA

Veste-me com essas dúvidas essenciais

E permite que eu fique inerte

Neste movimento circular.

Promete-me que, quando o rio secar,

Um outro rio corra

Entre os meus dedos no escuro

E que, quando a luz se apagar,

Nenhum demónio entre no meu quarto,

Pois eu nunca soube o que fiz.

 

Ou, então, deixa-me rasgar as minhas roupas

E percorrer este labirinto, feito de violetas, despido.

Porque eu nunca quis o ouro

Que me davas de mãos cheias

E tu nunca imaginaste

Que foram sempre as tuas mãos

O que eu sempre quis.