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Fernando Miguel Alves Mendes
FLORES

Este é o bessímo poema de que eles tanto falam;

O ínclito da culpa, o insepulto desejo da grandeza;

A insurreição contra o medo, o insubmisso engano da certeza.

 

Este é o íntegro poema que eles lêem quando se calam.

Poema íntegro da humildade das estrelas que estalam

E se quebram no plano de fundo da distãncia acesa;

 

Poema ilícito do silêncio ileso, sem voz como defesa;

Igreja dos que não decoraram a reza, que outros declamam.

Este é o divino poema de quem não mais pode crer

 

Na ilusão pura, na fantástica ilustração do sublime,

No imerecido confronto entre mim e a humanidade em mim.

Imerso numa página, o poema é somente o que se poder ver,

 

Escrito como se fosse o testemunho ocular de um crime

De alguém que oferece flores a quem foi roubado o seu jardim.