António Mota
Tanta canseira

Ai, ai, tanta canseira

Tanta canseira.

Nem sei por onde começar.

A menina

não se ponha a chorar

porque

cheguei agora a casa

e tenho

muito que fazer.

Agora

não tenho tempo

não posso

dar-lhe atenção.

 

Já lavou os dentes?

Ai não!

Vê, já podia estar mais arranjada.

Ah!

e tem a fralda molhada!

Mas eu não lhe disse

para chamar

quando tivesse vontade?

 

Ai, ai, tanta canseira

Tanta canseira.

Ser mãe é muito complicado.

E o seu pai

que nunca mais chega

do trabalho

Sempre cansado

Sempre atrasado.

E como não faz dieta

cada vez  mais gordo.

 

Agora

tenho de secar-lhe o cabelo

e depois vou fazer-lhe

um penteado muito bonito.

 

 E depois de a deitar

Vou contar-lhe a

A história da Maria Vitória.

É uma história

Muito pequenina

 ( E depois não diga

que sua mãe

não lhe conta histórias!)

 

Era uma vez

A Maria Vitória

Que começou a dormir

E acabou-se a história.

Agora durma depressa

Porque amanhã

tem de se levantar cedo.

 

Ai, ai, tanta canseira

Tanta canseira.

Ser mãe duma boneca

é tão complicado!

 

Todos estes poemas são do livro  “ Lá de Cima Cá de Baixo”, Edições Gail